Não vou aqui listar os problemas urbanos enfrentados por aqueles
que vivem ou visitam a capital paulista, especialmente os problemas de trânsito
e de transporte público. É notório o caos que ali se instaurou nesses setores
da vida. Diante disso, muitas são as propostas de soluções para esses
problemas: ampliação da rede de metrô e ônibus, incentivo ao uso de bicicletas
e à “carona amiga”, dentre outras.
Quero aqui sugerir algo mais profundo, capaz de mudar
substancialmente a realidade paulistana, diminuindo esses problemas urbanos e contribuindo
para a melhoria da qualidade de vida dos que ali residem ou visitam.
Farei aqui um encadeamento lógico-dedutivo de circunstâncias
que, a meu ver, contribuem para esse caos. Parto da seguinte análise:
- os imigrantes estrangeiros
que chegaram à cidade São Paulo na primeira metade do século XX, especialmente os
japoneses, possuíam uma cultura econômico-financeira diferente da cultura dos brasileiros
da época, o que contribuiu para o crescimento econômico da região;
- diante desse “boom”
econômico na região, a cidade passou a receber os imigrantes nacionais,
especialmente os nordestinos, que buscavam novas oportunidade de trabalho,
facilmente encontrada na construção civil, em especial;
- com isto, a
população da cidade cresceu significativamente em um período muito curto (e
continua a crescer);
- com o
crescimento econômico, a cidade passou a atrair mais investimentos, o que, por
sua vez, só estimulou a chegada de mais pessoas na cidade;
- a velocidade das
obras de infra-estrutura que a cidade necessitava (e ainda necessita) para acolher
os novos residentes não acompanhou (e continua não acompanhando) a velocidade
do aumento da população.
Tudo isto criou um ciclo vicioso, pois a cidade quer crescer
cada vez mais, o que atrai mais novos residentes, mas a infra-estrutura da
cidade não acompanha esse crescimento populacional. Além disso, no ponto em que
se chegou, o custo para oferecer a infra-estrutura necessária à população é
muito alto, tanto no aspecto financeiro, como em relação ao tempo para
planejamento e execução das obras, ou ainda no que diz respeito aos transtornos
causados no dia-a-dia da cidade. E para piorar a situação, é sabido que tais
problemas contribuem significativamente para a diminuição da qualidade de vida
dos que ali residem. Pois bem, o que fazer para resolver tais problemas?
Estou convencido de que é preciso mais (e não somente) do que
mais investimento em infra-estrutura. É chagada a hora de pulverizar os
investimentos pelo resto do país, “desafogando” o excesso populacional
instaurado na cidade.
Ora, se outras cidades passarem a recebem investimentos
econômicos, elas também passarão a atrair novos residentes, que poderão vir de
outros Estados ou mesmo da própria capital paulista. Com isto, deixa-se de ter
a cidade de São Paulo como “única opção” para quem pretender buscar novas
oportunidades de estudo e trabalho.
O grande problema está em aceitar essa idéia, pois o que se
vê é um discurso ainda egoísta, de certa forma, dos que buscam cada vez mais
investimentos econômicos para a cidade. É preciso compreender que se chegou ao
limite do crescimento. Já passou da hora de permitir que outras cidades possam
também experimentar o seu crescimento econômico.
Com esta mudança de ideal, será possível não só reduzir os
problemas urbanos da cidade de São Paulo, mas também melhorar a qualidade de
vida dos paulistanos.
A idéia está lançada!
L. Gustavo Carvalho
gustavo@cfmmadvogados.com.br
lgcarvalho@usp.br
@lg_carvalho
LUIZ GUSTAVO CARVALHO é advogado
(Carvalho, Fontan, Maia, Messias – Advogados Associados), mestrando em direito
tributário pela USP e professor-tutor curso de especialização lato sensu em direito tributário no IBET
(Instituto Brasileiro de Estudos Tributários) em Maceió (AL), pós-graduado em
auditoria e perícia e possui formação complementar em F&A (Fusões e
Aquisições) pela EAESP (Escola de Administração de Empresa de São Paulo) da
FGV. Já atuou como advogado sênior tributário do escritório de Leite, Tosto e
Barros Advogados Associados (São Paulo, SP), Procurador-Chefe Fiscal do
Município de Maceió, Procurador-Geral do Município de Marechal Deodoro (AL),
professor de direito tributário da Rede de Ensino LFG, professor-monitor no
curso de especialização lato sensu em
direito tributário da USP e como professor palestrante no curso de
especialização lato sensu
(presencial) em direito tributário e direito processual tributário da Faculdade
de Direito Damásio de Jesus (FDDJ)