Há
alguns dias, uma amiga me incentivou a tentar escrever sobre temas mais sentimentais
ao invés dos temas jurídicos. Aceitei o “desafio”. Aí vai o primeiro ...
É preciso aprender a
amar
O
que é o amor? É um sentimento? Não. É muito mais do que isso. Amar é uma
conduta. É uma forma de se comportar perante o amado. É o jeito de ser e agir
movido pelo sentimento chamado amor.
Muitos
dizem amar, mas não tratam o amado realmente com amor. Logo, não amam
realmente. É preciso aprender a amar, isto é, é preciso aprender a tratar o
outro com amor.
Dizer
que ama é importante, mas não suficiente. Querer e se permitir amar também é
necessário. Mas, na verdade, amar é tratar o amado com respeito. É se preocupar
e cuidar dele. É querer o seu bem e a sua felicidade. É compreendê-lo,
aceitá-lo como ele é. É querer estar ao seu lado. É educá-lo, niná-lo, tocá-lo,
ajudá-lo, incentivá-lo, aconselhá-lo, elogiá-lo, respeitar o seu espaço, dar-lhe
afeto, colo e carinho. É estar disponível, perdoar, ser honesto e verdadeiro, fazer
as críticas necessárias, e muito mais. Enfim, amar é toda essa entrega ao
outro, por vontade própria e com satisfação, sem obrigação e sem anulação da
própria vida.
Intuitivamente,
muitos já nascem sabendo como agir assim. Muitos outros, como eu, vão
aprendendo ao longo da vida, com as experiências vividas e as lições
aprendidas, com os acertos e os erros cometidos, com os encantos e desencantos experimentados,
com as alegrias e tristezas sentidas.
Arrisco
dizer que, deixando de lado os que já nascem com tal intuição, aprende-se mais
na dor e no caos do que com as experiências felizes e alegres. Não existe curso
ou escola que ensine tais lições. A maturidade, acima de tudo, e o autoconhecimento
são capazes de proporcionar esse aprendizado.
Aos
19 anos de idade, quando me tornei pai, por exemplo, senti algo diferente e muito intenso. Era o
amor incondicional fruto da paternidade. Mas, naquele momento, ainda não era
capaz de realmente amar meu filho, pois não fazia a menor ideia de como agir,
de como me comportar em relação a ele. Apanhei, sofri e chorei. Mas, com o
passar do tempo, aprendi.
Para
quem precisou ou ainda precisa aprender a amar, como eu, a vida é assim: no
campo do amor, a dor precede o aprendizado. Intuitivamente ou não, a plenitude do
amor verdadeiro depende do querer e do agir consciente. É o que tenho aprendido
na vida e nas minhas sessões de análise (psicanálise).
L. Gustavo Carvalho